sexta-feira, 17 de setembro de 2010

AUDIO ANALÓGICO x DIGITAL - Por: Fernando Marques

Em minha última coluna, fiz uma breve explicação sobre psicoacústica, e assim como nosso sistema auditivo é um transdutor, que transformam vibrações sonoras em impulsos nervosos, assim é o registro e reprodução de áudio, desde a captação até a último estágio, que é aonde chega aos nossos ouvidos. Definimos transdutor como, algo que, transforma algum tipo de energia em outra. Muitas são as discussões sobre o áudio analógico e digital, quais suas diferenças e características?! Qual seria o melhor?!Quais a vantagens e desvantagens de ambos?!

Tentarei ser imparcial sobre o assunto, a muitos que defendem o analógico, e outros que preferem a praticidade do digital. Na verdade diria, que são distintos, e não que um seria melhor que o outro, já que não podemos deixar o analógico de lado, pois ele é o início de tudo, e quase tudo do digital é uma mera simulação dele.
Breve Histórico de transição do analógico para o digital, e as formas distintas de processos entre eles.
Desde o final do século XVIII, onde começou a aparecer os primeiros equipamentos sonoros domésticos, até a década de 80, aonde temos os primeiros reprodutores de som digital como o cd e o dat, o sistema tanto de reprodução de áudio como o de gravação profissional, teve uma grande evolução. Em 1950 por exemplo, não se gravava mais do que 3 canais simultâneos, a partir da década de 90, começou a aparecer os primeiros softwares digitais em estúdios profissionais, o formato digital começava a ser adotado definitivamente á produção fonográfica, na verdade antes mesmo dos softwares, eram usados fitas digitais como o adat multipistas e o dat na finalização, porém, como no áudio analógico,que foram anos para se chegar em equipamentos como um gravador de rolo de 24 pistas, o mesmo se deu no digital, no começo o hardware suportava gravar poucos canais simultaneamente.
O analógico é um sistema que se faz, através de condução elétrica, por sinais de corrente alternada, já o digital se faz por um sistema conhecido por binário, aonde temos combinações numéricas entre 0 e 1, que definem o que deve ser realizado por determinada operação digital, chamamos essa codificação matemática de algoritmos, isso se dá não somente no áudio, mas em qualquer realização dessa natureza. O processo do áudio digital é reconstruir a onda sonora, e isso é feito através do que chamamos de sample rate(taxa de amostragem), 44.1 khz,significa que cada pedaço de uma onda é amostrado 44.100 vezes, hoje em dia temos até 192 khz de amostragem, e isso é transmitido, através dos bits, bit é a menor unidade de informação que pode ser transmitida, é formado por sistema binário de dois dígitos, uma combinação de 0 e 1 que formam entre si para decodificar uma informação, por analogia é como se fosse um negativo e um positivo, ou um falso e um verdadeiro, exemplo: 8 bits tem 256 valores possíveis de 0 a 255 combinados entre 0 e 1, 16 bits podem representar Valores de 0 a 65.535 aproximadamente, em 24 bits, valores de 0 a 167.772, e assim sucessivamente...quanto maior a taxa de amostragem e o bit, e essa diferença fica menor a partir do aumento dessas taxas, teoricamente é maior a fidelidade sonora, pois é difícil a reprodução, não só de uma onda fundamental, mas de todos os seu harmônicos, e isso é uma das explicações da perda do áudio real, quando convertido para o digital, o analógico ao contrário, tem a propriedade de gerar harmônicos para o som, principalmente em equipamentos valvulados.

A tentativa de copiar o som do passado

Várias tentativas são feitas para simular equipamentos analógicos caríssimos, através de plugins, porém, por ser um sistema tão distinto, a simulação sempre fica diferente do original, mais a vantagens são inúmeras do ponto de vista do custo-benefício, o que a maioria das pessoas não poderiam adquirir, hoje em dia se tem com fácil acesso, mas fica óbvio que apenas se simula o som desses equipamentos, e na verdade, atualmente, com uma grande aproximação ao real, principalmente aos ouvidos de leigos.
A conclusão que podemos chegar é que apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, a busca pelo som analógico nos dias atuais é evidente, e até então, a discussão continua, e a aproximação entre eles começa a ficar cada vez menor, mas, por se tratar de formas diferentes de processo, eles sempre serão diferentes, e cabe a nós, decidirmos o caminho a escolher, cada tipo de trabalho requer um modo próprio de utilização, seja de apenas um desses sistemas, ou de forma integrada entre eles, portanto, tentar fugir do digital, não seria a solução, e abandonar nosso velho analógico seria pouco inteligente. Apesar de hoje em dia, estúdios possuírem suas plataformas digitais, sempre há o desejo de adquirir equipamentos analógicos, e trabalhar de forma conjunta nos dois sistemas. Portanto, o interessante é extrair o melhor de cada um deles, e a única coisa que não é discutível nisso tudo, é o conhecimento e a sensibilidade que devemos ter, para o melhor aproveitamento de todas as ferramentas disponíveis.

Envie suas dúvidas e sugestões de temas para a coluna para os seguintes e-mails:

fernandomarques@audiobrazil.com.br
nandomarques76@hotmail.com

Fernando Marques, 33, é profissional de áudio em estúdio e produtor musical, é um dos proprietários e fundadores do AudioBrazil, aonde ministra cursos e palestras, é também um dos proprietários do Play Music Studio.

http://www.audiobrazil.com.br/
http://www.playmusicstudio.com.br/

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